ATENDIMENTO QUER SER O DONO DO PROJETO
O
profissional de atendimento já teve perfil predominantemente vendedor, foi
visto também, de forma simplista, como o responsável por manter um bom
relacionamento pessoal – e social – com os executivos dos clientes. Entretanto, nos
próximos anos, o profissional de atendimento deve se consolidar como gestor
de projetos e de pessoas, com perfil administrador, empreendedor e multidisciplinar,
o que incluirá o controle financeiro das ações sob sua responsabilidade. É o
que crêem os especialistas ouvidos por Meio
& Mensagem.
“O gerenciamento eficaz de recursos vai reger a diferença entre o lucro e o prejuízo de uma conta ou projeto”, diz Andre Gustavo, diretor-geral da Wieden+Kennedy São Paulo. Entre as incumbências que o profissional de atendimento não tem hoje, mas terá daqui a
cinco anos, Gustavo Burnier, diretor de serviços a clientes e gestão da
AlmapBBDO, cita o business plan. “A medida que agências e marcas trabalharem
com o conceito de brand utility, estaremos desenvolvendo planos de negócios
para ideias criativas que não encaixem nos espaços publicitários, digitais ou
tradicionais.”
“O gerenciamento eficaz de recursos vai reger a diferença entre o lucro e o prejuízo de uma conta ou projeto”, diz Andre Gustavo, diretor-geral da Wieden+Kennedy São Paulo.
Filosofia uníssona
Se até
então a responsabilidade do profissional de atendimento foi zelar pelas
entregas às demandas dos clientes, agora a engrenagem das agências – mais
integradas, menos hierarquizadas e cada vez mais trabalhando organicamente em
rede, como ocorre com as empresas da economia criativa –, terá de funcionar por
si só, defende Marcelo Romaniewicz, vice-presidente da Master Roma Waiteman. “As
agências devem ter uma filosofia de trabalho uníssona, clara e entendida por
todos, capaz de prescindir do atendimento ora meio tráfego, ora meio psicólogo.” Para ele, o profissional de atendimento
deixará de investir tanta energia na operação da
agência – pauta e prazos – e poderá dedicar mais tempo ao negócio do cliente. “Se
a agência quer entregar mais envolvimento, tem que começar a ouvir a área
comercial dos clientes, que tem contato diário com os públicos-chave. Dali
podem sair insights poderosos. E ninguém melhor do que o atendimento para fazer
isso.”
Marcelo
Passos, vice-presidente da área na DM9DDB, vai além e prevê que agências e
anunciantes serão sócios em projetos proprietários, o que exigirá ainda mais da
veia empreendedora do atendimento.
Perspectiva privilegiada
O que irá
determinar qual é o profissional mais completo, na visão de Gal Barradas,
copresidente da BETC, será a junção de competências técnicas com capacidade de
compreensão do ser humano. “Uma característica que será mais necessária é a
busca contínua do conhecimento sobre o comportamento do consumidor e o entendimeto
dos dados gerados por ele.”
De vocação
generalista, o profissional de atendimento terá seu escopo de trabalho aumentado, se considerado que o “ecossistema” de disciplinas de comunicação
usadas pelos clientes está crescendo. Entre essas novas atribuições poderá
estar, acredite, criar. “O atendimento precisará ter a coragem de pegar uma
folha em branco e conceber ideias e projetos de própria autoria”, incentiva
Pablo de Arteaga, vice-presidente de operações e atendimento da Leo Burnett
Tailor Made. Otimista
com o futuro da disciplina, Arteaga diz que o profissional de atendimento tem
uma oportunidade de influenciar o negócio da publicidade como nunca teve antes,
passando de agente de gestão e manutenção para agente de transformação. “A
relação do atendimento com todas as áreas da agência e do cliente deixa de ser
de gestor e viabilizador e passa a ser de realizador, dono. E dono não ameniza,
não esconde, não evita. Dono vai de cara nos problemas do cliente e da agência.
Sejam eles cotidianos ou não.”
Entretanto,
Vinicius Reis, chief operating officer da CP+B Brasil, adiciona uma dose de
pessimismo: “Os profissionais de atendimento estão cada vez mais despreparados”,
avalia. “A média dos atendimentos hoje é executora de tarefas, ou ‘jobeira’,
como se diz no jargão publicitário. Nada pior que um atendimento que no anseio
de participar, fala bobagens em reuniões”, descreve. “É preciso encontrar uma
solução para não empurrar a voz da experiência para fora do negócio.”
Formação deficiente
Entre os
obstáculos que poderão barrar o avanço da atividade de atendimento nas agências
de publicidade nos próximos anos, o mais citado é justamente a deficiência na formação
dos profissionais. Mauricio Kato, CEO da Havas Worldwide, acrescenta outra
ameaça: a perda de relevância estratégica para o departamento de planejamento. Essa divisão de forças dentro das agências também poderá ser impactada por outros fatores. “O avanço
da tecnologia pode causar a falsa impressão ao cliente que ele poderá criar uma interlocução direta com todas as áreas da agência, diminuindo a importância do atendimento no relacionamento do dia a dia da conta”, avalia Ricardo Calfat, vice-presidente de operações da R.E.F. Comunicação.
da tecnologia pode causar a falsa impressão ao cliente que ele poderá criar uma interlocução direta com todas as áreas da agência, diminuindo a importância do atendimento no relacionamento do dia a dia da conta”, avalia Ricardo Calfat, vice-presidente de operações da R.E.F. Comunicação.
6 comentários:
Muito relevante a opinião de cada um dos profissionais da área. Nos mostra a grande importância de se atualizar cada dia mais. Sou fascinado e amo ser atendimento publicitario.
O atendimento"deveria mudar de nome, para sair do passado e encarar a complexidade das redes e do mundo dde marcas globais e cada vez mais regulados pelo governo. Poderia ser uma espécie de coach do cliente? Que tal? A denominação atual lembra um profissional do tipo vai e volta para o cliente trazendo queixas ou retornando com imposições do pessoal da criação. Ele ainda é visto, muitas vezes, como um vendedor qualificado da agência - que também deveria mudar o seu nome pois só lembra "agenciamento" de mídia e poderia tornar-se um centro de estratégias de comunicação? Questões para se pensar nesse blog! Abraços, Gaulia
Lemos os textos das M&M sobre a função do Atendimento em algumas de nossas reuniões internas do setor. É muito bacana perceber a amplitude que as atividades do 'executivo de contas' tomam.
Concordo com o Gaulia sobre a nomenclatura da função. E sendo bem honesto, a principal associação feita é com atendentes de telemarketing. Já me perguntaram várias vezes se é isso que eu faço na agência. Rs...
Cada dia mais apaixonado pelo conteúdo do blog.
Cada dia mais apaixonado pelo conteúdo do blog.
Que bom,Thiago!
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