27 de fevereiro de 2009

Lidando Com Todo Tipo de Cliente (primeira parte)

Continuando nosso papo sobre clientes, achei um artigo interessante, publicado num livro chamado Advertising Realities, de Wes Perrin. O artigo descreve 6 Tipos de Cliente e, o melhor, como lidar com eles.

É claro que há uma fina ironia permeando todo o texto, mas não há desrespeito. Na verdade, o autor analisa tipos humanos comuns em sociedade, só que especifica situações sobre o nosso cotidiano.

Vou postar o artigo em partes, 2 Tipos por vez.

Cliente Tipo 1: O Diretor de Criação Enrustido
Esse é o tipo de cliente que quer uma agência para apenas refinar e dar um upgrade em seus “maravilhosos” conceitos. Ogilvy disse certa vez, “Para que ter um cachorro e você mesmo latir?” Pois esse cliente quer latir. O gigante da criação McElligott chama-os de “controladores”. Diz ele: “Eles têm que escrever o anúncio e estar envolvidos a tal ponto que simplesmente destroem qualquer motivação de uma agência criativa.

Como administrar:
- Descubra formas de manter esse cliente ocupado com projetos criativos dentro de sua própria empresa. Deixe que ele dê vazão à sua criatividade em reuniões, jornais internos, trade shows e outras áreas importantes fora da esfera de interesse da agência.

- Ao apresentar alguma recomendação, faça uma referência a algum input recebido previamente do cliente, principalmente na frente de seus (dele) superiores. Os melhores gestores de contas sabem fazer com que uma recomendação soe como um esforço conjunto. E daí se o cliente recebe algum crédito que ele não merece? O importante é a aprovação que leva à produção de um bom trabalho.

- Tenha uma boa resposta pronta caso o cliente se irrite: “Isso não é o que eu queria! Vocês não me ouviram?” Responda com algo do tipo: “Claro que eu ouvi (nós ouvimos). Deixe-me explicar como o seu input nos ajudou a chegar a essa recomendação.”

Cliente Tipo 2: O Numeromaníaco
Esses clientes vivem e morrem em função dos chamados “dados concretos”. E enxergam as folhas impressas em computador como afrodisíaco. Usam totalmente e cegamente o lado esquerdo do cérebro.

Se algo vai mal, esse povo procura como um escravo a resposta nos números. Eles sempre têm uma calculadora de bolso ou um PDA (tipo um Palm) último modelo.

Eles se hiperoxigenam com a possibilidade de um projeto complexo de pesquisa e, se houver oportunidade, vão pretestar os títulos dos anúncios sílaba por sílaba.

Como administrar:
- Para trabalhar com esse cliente você tem que mostrar que sabe quase tanto quanto ele sobre o assunto. Passe noites acordado tornando-se um superconhecedor de metodologias e tendências em pesquisa.

- Para dar credibilidade às suas recomendações, inclua dados de psicólogos comportamentais e outros cientistas sociais.

- Procure exemplos de peças desenvolvidas anteriormente com outros approaches criativos para apresentar junto com a sua recomendação.

- Delicadamente, lembre a esse cliente que pesquisa não é totalmente à prova de erros.


(Esta é só a primeira parte. Aguarde o próximo capítulo.)

20 de fevereiro de 2009

Marketing Pleno - Curso em São Paulo Começa em Março

Começa em março o curso Marketing Pleno, ministrado na Madia Marketing School.

O curso é destinado aos profissionais de Propaganda, especialmente das áreas de Atendimento, Planejamento e Mídia, além de profissionais de Marketing, Comunicação, Promoção e Vendas.

As inscrições estão abertas e você pode optar por ter aulas duas vezes na semana ou aos sábados. Mais informações sobre o programa do curso, os professores e de como se inscrever, clique aqui.

9 de fevereiro de 2009

Defina Cliente

A diferença entre fornecedor e parceiro se dá a medida em que se estabelece o tipo de relacionamento entre anunciante e agência. Uma coisa é o anunciante contratar a agência para um trabalho eventual (e a maneira como faz isso), outra coisa é estabelecer algum nível de exclusividade, preferencialmente por escrito, com deveres e direitos claramente explicitados e prazo de validade daquela relação comercial.

Como esse blog trata de questões relativas à função de Atendimento, é por esse ângulo que eu quero abordar esse assunto. É preciso que se entenda o que está em jogo na relação comercial agência-anunciante, o que isso realmente significa na prática para não corrermos risco de nos equivocar em vários aspectos da nossa vida profissional. Desde a estabilidade no emprego (por mínima que seja) até o desenvolvimento de um trabalho com mais profundidade.

Experimente entrar no site de agências de pequeno porte. Você certamente vai ver em suas listas de clientes pelo menos um anunciante de grande porte. Não se impressione (como uma agência pequena atende um cliente tão poderoso) e nem fique confuso (o mesmo mega anunciante estará citado na carteira de várias outras agências). Isso quer dizer que as agências estão mentindo? Que esse anunciante não é cliente delas? Não, absolutamente. Isso quer dizer simplesmente que esse anunciante as contrata “por job”, isto é, por trabalho, por projeto. Provavelmente distribui pequenos projetos entre diversas agências, projetos esses que não entram no escopo do contrato que ele tem com uma agência de porte compatível com a sua mega verba publicitária.

Portanto, que fique claro: esse “cliente” não tem relação constante com nenhuma dessas agências, não tem vínculo. E é bom que se saiba também que, na grande maioria das vezes, para cada projeto desses o mega anunciante faz uma concorrência, geralmente entre três agências. E, infelizmente, o que tem predominado em processos assim é a proposta de preço e não o trabalho criativo ou a excelência no atendimento. Por mais que se tenha uma boa relação com esse anunciante, a própria natureza da relação comercial coloca a agência mais como uma fornecedora de serviços de comunicação do que como uma parceira. Saber essas coisas é particularmente útil na nossa vida profissional quando:

1.Precisamos avaliar uma proposta de emprego. Se uma agência te faz uma proposta, mas tem na sua lista de “clientes” várias empresas que eventualmente a contratam para um job, sua estabilidade financeira está sob ameaça constante. Se ela não tiver um trabalho agressivo de prospecção, se não tiver um plano sério de conquista de clientes de relação duradoura e exclusiva, sei não. Procure sondar se você não está sendo contratado porque a empresa ganhou um projeto que vai durar 3 meses. E depois...

2.Queremos desenvolver ações a partir do entendimento profundo do negócio do cliente. É claro que saber gerenciar um projeto é obrigação de qualquer Atendimento. E você pode adorar isso, tanto quanto eu. Pois trabalhando por job, o que você vai exercer mesmo é uma gerência de projeto. Difere muito de quando a gente tem a oportunidade de desenvolver uma relação de plena parceria agência-cliente, quando está implícito e explícito um processo contínuo de pensamento e de planejamento, o que pode corrigir rumos, abrir possibilidades e reais oportunidades de crescimento dessa conta, não só em termos monetários, mas de um trabalho de imagem de marca consistente.


Na verdade, não vejo nenhum problema em trabalhar por job. Nada de inferior em gerenciar um projeto. Muito pelo contrário. Já fiz, faço e farei. O ruim, como sempre, é a ignorância. Se você sabe onde pisa, poderá fazer um excelente trabalho em qualquer frente, dentro daquilo que de você é esperado. Como dizem por aí, o combinado não sai caro.