15 de agosto de 2017

Gestor de Contas, Sua Carreira é Uma Jornada


Angústia que ronda a carreira do Gestor de Contas: como ser um consultor confiável para os meus clientes se tudo muda tão rápido? Parece que assim que consigo aprender uma coisa surge(m) outra(s) para eu assimilar e entender. Aquilo que recomendei há um ano (às vezes, em menos tempo até) já não serve mais. Será que não saberei mais desempenhar bem o papel de atender eficazmente meus clientes?

Calma. Primeiro, as primeiras coisas. Vamos inverter as prioridades. A questão não é o que você precisa recomendar, pois o que vem na frente deve ser a identificação do problema de comunicação do cliente. Sem esse entendimento, de que adianta você ter estudado e entendido tudo de tudo?

Ouça seu cliente. De verdade. Com nosso eterno hábito (ou vício?) de querer dar respostas, não ouvimos para realmente entender qual é o problema. Se você não ouve, não será capaz de fazer um bom diagnóstico – que é a premissa de um briefing – e dificilmente contribuirá para oferecer ao seu cliente a recomendação mais adequada. De que adianta ter estudado um montão de coisas? Dito isso, vamos em frente.

Então buscar conhecimento não é importante?

Claro que é. Mas lá se foi o tempo em que você entrava numa escola, aprendia o seu ofício e estava apto a trabalhar. No caso da gestão de contas, sempre se aprendeu fazendo. Pouco tempo dedicado ao ensino da disciplina nos currículos das escolas de comunicação, parco material na internet, poucos livros sobre o assunto. Aprende-se errando muito, tentando muito. E no caos do dia-a-dia, os aprendizes (estagiários, trainees) precisam passar por um verdadeiro “batismo de sangue”. Mas, calma, muitos sobrevivem, com bastante sucesso, e tornam-se grandes profissionais do mercado.

Voltado ao ponto, claro que quanto mais conhecimento você tiver a respeito das novidades e processos que impactam nossa relação com as pessoas potenciais consumidoras de produtos e serviços, melhor. Mas adquirir conhecimento tem que ser entendido como um aprendizado constante. 

A boa notícia é que, em compensação, como todos sentimos na pele essa aceleração, nunca se admitiu tanto o “aprender fazendo” como um modo de trabalhar e fazer acontecer. E os clientes mais antenados também devem abraçar o processo de aprendizagem e encararar cada job como um desafio a quatro mãos.Portanto, se você - ainda - não souber o que recomendar, diga simplesmente: não sei, mas vou estudar a melhor solução baseado na sua necessidade. 

O que devo estudar

Definir o que é mais importante no momento é uma decisão muito particular. Por mais que cada “influencer” (e haja influencer, nossa!) diga que você deve estudar isso ou aquilo, não adianta querer abraçar o mundo com as mãos. Eu respondo, simplesmente: estude o que for mais pertinente para seus objetivos naquele momento. Depende de seus interesses pessoais, da agência que você trabalha e do tipo de clientes que você tem. Naquele momento. Depois, tudo vai mudar. E é assim mesmo, acostume-se.

Igualmente importante: não basta estudar. Precisamos aprender a aprender. De nada adianta fazer cursos se você está ali mecanicamente absorvendo aquele conhecimento enquanto está em sala ou estudando online e depois vai se desligar e não pensar mais no assunto. O conhecimento que você está absorvendo deve funcionar como um estímulo na busca de muito mais. O curso, a leitura,  são os pontapés iniciais do seu caminho pessoal. Aprendizagem se assemelha a deixar a mente clicar em diversos hiperlinks que vão surgindo pelo caminho. Aquela vontade irresistível de abrir várias janelas, usar todos os navegadores e ampliar o repertório.

Em resumo, aprender é um processo estimulante que não pára nunca. 
Sua carreira é uma jornada de aprendizagem. 
Boa viagem.

6 de agosto de 2017

O Feijão e o Sonho

Viver de literatura no Brasil sempre foi osso. Era muito comum (e ainda vemos isso) que os escritores recorressem ao ofício de redator para ganhar “o pão nosso de cada dia”. Alguns tinham (têm?) até um certo desprezo pela atividade publicitária, pois a exerciam apenas com a finalidade de pagar as contas. Pelo menos naqueles tempos dava para fazer boa literatura brasileira dentro das agências, provavelmente em horário de expediente. Essa dedicatória aqui, que guardo com muito carinho, resume.

“Katia: pra seu governo: este livro foi escrito na sala de redação da J.W.Thompson, em São Paulo, no ano de 1937. Por isso é tão cheio de defeitos. Ou melhor, levei cinco edições a limpar de erros este livro.
Orígenes Lessa  26/8/82”


Nunca um título de livro e uma dedicatória fizeram tanto sentido. ;)