6 de outubro de 2012

O Que é Trabalho de Equipe pra Você?

Outro dia estava em um seminário e discutíamos como certas frases feitas, ditados e termos tornam-se “verdades” perigosas quando pessoas mal intencionadas ou simplesmente ignorantes se apropriam delas de modo indevido.

O mundo corporativo está cheio dessas verdades e de muitas retóricas. Posso citar algumas com as quais tive que esbarrar, mas quero abordar nesse post apenas o famigerado “trabalho de equipe”.

Hoje a palavra de ordem é colaboração, time, jogar junto. Tudo muito lindo, generoso, a era da individualidade está com os dias contados e todo mundo será solidário de uma vez por todas. Será que é isso mesmo?

Essa é uma questão que me incomoda muito porque, como Atendimento, sei que dependemos full time do trabalho que outros departamentos desenvolvem e que devemos colaborar com eles para poder costurar todo o processo. Por si só, isso implica que para nós é inerente trabalhar em equipe e ser colaborativo. Por que o incômodo, então? Porque o que poucos se dão conta é que existe uma baita diferença entre trabalhar com os outros e trabalhar pelos outros. O primeiro é o que eu entendo como trabalho em equipe. O segundo tem outros nomes, feitios e feições.

A equipe multidisciplinar é outra história às vezes mal contada e que não raro faz parte dessa mesma história do trabalho de grupo na era da colaboração. Multidisciplinaridade não implica em diferenças de capacidade intelectual nem de caráter, mas sim em trabalhar com uma equipe que pensa o problema por ângulos diferentes. Nada a ver com o “cada um por si”, menos ainda em incapacidade em desenvolver tarefas e falta de responsabilidade – o que irá esbarrar em lacunas que alguém terá de preencher.

Também não dá para descambar para o discurso fácil e clichê de que temos que ser generosos porque estamos no mesmo barco e o importante é o resultado final. Daí espera-se que você “colabore com seu colega” – aqui o termo mais uma vez erroneamente usado, pois na verdade o que está sendo pedido é que você “faça a parte dele, já que ele não resolveu” e vá em frente sem questionar, preferencialmente. O importante é que a tarefa foi cumprida e, aí, “todos” ganhamos. Todos quem?

Mais uma vez pare e reflita: a generosidade de que tratamos quando falamos em trabalho em equipe é aquela em que cada um faz a sua parte para formar um todo conciso e não um caos desnivelado. Trabalho de equipe é ter respeito pelo tempo alheio e pelo objetivo final (implicando aí em comprometimento com cumprimento de metas, resultados e de prazos).

Por que devemos desenvolver o nosso trabalho e o de outra pessoa que simplesmente faz corpo mole ou não tem capacidade (por inexperiência ou dificuldade intelectual mesmo) de desenvolver a sua parte e achar isso bacana e generoso? Por que mostrar-se “disposto a resolver” virou sinônimo de fazer o seu trabalho e o de mais alguém para ser assim percebido como aquele que “colabora” e sabe trabalhar em equipe? Desde quando começamos a entender e aceitar que fazer isso ajuda a resolver problemas? Essa atitude pode até fazer a roda girar e o trabalho ser entregue a tempo e hora, mas a que custo? Isso não modifica o status quo, não corrige e aperfeiçoa. E o pior: negamos a nós mesmos, à equipe e à empresa a oportunidade de aprender com o processo. Desejar evolução e inovação a partir dessas premissas é acreditar que Papai Noel existe.

Não aceite “verdades” passivamente. Pense, questione, reveja suas atitudes e sentimentos. Se for o caso, busque seu aprimoramento profissional e pessoal. Se não for, o caso é de retórica aguda. Vacine-se ou fuja dela como o vampiro do alho.

2 comentários:

Unknown disse...

Ótimo post, parabéns!

Unknown disse...

Parabéns pelo post,algo para refletirmos!