Tenho 20 anos e fui para o quinto período do curso de publicidade. Há quase um ano estou estagiando no setor de atendimento de uma agência experimental. Sei que ali tenho oportunidade de aprender muitas coisas sobre a área, pois estou sempre trocando idéias com pessoas que, assim como eu, estão iniciando, além de fazer contato com profissionais renomados. Porém, algumas dúvidas rondam minha cabeça. Às vezes me bate uma espécie de "desespero" com relação ao mercado de trabalho, acho que está muito restrito e que não vou conseguir nada na área de atendimento. As pessoas me elogiam, falam que sou uma pessoa nova, séria e com senso de responsabilidade, porém na maioria das entrevistas de estágio que participei não consegui a vaga. Será que para isso me faltaria uma questão de apresentação, como postura, ou até mesmo um currículo bem organizado? Como pessoa, confesso que sou um pouco tímido, característica que o atendimento não pode ter de fato. Será que isso acaba por me atrapalhar de vez?
Ygor Hespanhol - Niterói, Rio de Janeiro
Ygor,
Sua mensagem e suas dúvidas me fizeram pensar em muitas coisas que quero dividir contigo e com quem quiser ler esse post.
Não sei se isso te tranquilizará, mas se há uma função na agência em que a gente aprende fazendo, essa é a de Atendimento. Não apenas porque os cursos de comunicação não dedicam carga horária necessária ao aprendizado dessa disciplina (muitas vezes a disciplina é dividida com Planejamento). Mas porque estamos aqui falando de aprender a lidar com pessoas, de nos relacionar, coisas que a vida ensina. É por isso que o velho clichê “aprenda com seus erros” se aplica tão bem para o Atendimento. E indo um pouco além desse óbvio clichê, acrescentaria que esse “aprender” não deve ser interpretado como se você tivesse que necessariamente estar sozinho, quebrando a cara, errando feio, levando tombos. Ele se complementa com outra frase conhecida: "aprenda com quem faz".
Hoje você tem a sorte de poder trabalhar em uma agência experimental na sua faculdade. E bem pontuou que ali troca experiências, seja com iniciantes ou com profissionais com mais anos de janela. Mais tarde, espero que corra atrás de bons mentores quando estiver estagiando em uma agência. Isso é precioso para qualquer um. Posso te dizer com toda a certeza que numa atividade como a de Atendimento, é superimportante o feedback imediato de alguem que te acompanhe e oriente. Se você tem alguém competente ali ao lado pra te orientar sobre a melhor forma de conduzir uma negociação, a abordagem mais precisa para a apresentação daquela peça ou o tom exato daquela conversa que você deve ter com o cliente ao telefone, isso vai valer por muitas aulas. Estou falando de feedback imediato. É assim mesmo, é na hora que a coisa está rolando, que tudo está acontecendo, que o cliente está na linha. Pá-pum. Situações que não cabem num livro ou nos 50 minutos de um tempo de aula.
Uma outra coisa que queria comentar é que procure avaliar suas características pessoais com um pouco mais de clareza. Há coisas que prejudicam e outras não. O que prejudica, me parece, é o que te faz infeliz. Se você se acha tímido, isto é, se você percebe que seu modo de ser te prejudica no relacionamento interpessoal, aí pode ser hora de trabalhar melhor esse aspecto. Quem sabe exercendo uma atividade que auxilie na sua desinibição: aulas de teatro, de dança de salão, por exemplo, atividades em que tenha que interagir com pessoas. Mas se você se sente a vontade, se você se relaciona bem com as pessoas, então talvez você não seja tímido, mas apenas introvertido, reservado. Há muitos publicitários assim. Eu, por exemplo, sou introvertida, mas não sou nada tímida.
Quanto ao currículo, já dei umas dicas em um post mais antigo, aqui.
A busca por colocação no mercado de trabalho costuma ser difícil e isso não é privilégio da publicidade. Por isso, o jeito é continuar tentando. Meu caro Ygor, o tempo de aprender não termina nunca e o seu tempo está apenas no começo. Que bom que você tem tanto interesse em melhorar. Acredite, já saiu na frente de muita gente.
Um grande abraço,
K. Viola
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