14 de agosto de 2011

O Surfista de Gravata

por Admir Borges(*)

Quero arriscar uma comparação entre um profissional de atendimento publicitário e um surfista. Consigo enxergar alguns pontos comuns entre eles. Para um surfista big rider um mar cheio de “morras” significa chance de ótimos resultados, ao contrário de um mar liso, ou das marolas, com seus “pregos” e “merrecas”. Para o Executivo de Contas, os desafios do mercado, com suas turbulências e inconstâncias pode abrir cortinas de oportunidades. Em ambos é imprescindível um estado de prontidão.

Do ponto de vista biológico, essa preparação está sob o controle do Sistema Nervoso Autônomo, responsável pela atividade de nossos órgãos viscerais internos: coração, pulmão, intestino. Esse controle automático do nosso organismo, visando a adaptação e regulação, frente às demandas de ação, é conhecido como homeostasia, uma tendência para a manutenção da constância interna. O surfista, assim como o Executivo de Contas, diante dos grandes desafios, fará seu organismo produzir adrenalina combinada com noradrenalina, que proporcionará maior controle sobre o medo, estado de alerta, ou mindfulness, despertar da euforia, promovendo ação com energia e motivação.

O termo mindfulnees significa atenção plena e deve ser característica de ambos: é um primeiro passo para o estado de consciência superior e, certamente, para alcançar o sucesso. A proatividade é um requisito para esses enfrentamentos, que determina uma leitura de cenário onde uma onda atraente pode ser um acontecimento isolado, apesar de fazer parte de um padrão de expectativa, com certo grau de imprevisibilidade.

 Juntando todos esses conceitos para entender a proatividade, estabelecemos três estágios:
1. O profissional deve ser capaz de raciocinar sobre a probabilidade dos acontecimentos e se preparar para as soluções.
2. É necessário um bom repertório, musculatura e oxigenação para superar as dificuldades iniciais e pegar a melhor onda, antes que ela o destrua.
3. A busca do equilíbrio nas manobras e contra-manobras para a conquista do êxito. Isso, porque, diante de um mar agitado o que difere um big rider de um merrequeiro é a proatividade do primeiro e a reatividade do segundo.

Enquanto o pró-ativo antecipa o desenho das ondas e suas manobras radicais, o reativo é pego desprevenido, surpreendido por elas em estágio avançado e ameaçador. Nesse caso, descarga de adrenalina provocará a fuga, ou a imobilidade. O profissional de atendimento com maior capacidade de entender as ondas do mercado, antecipar tendências de negócios, é um pró-ativo com seu mindfulness funcionando rigorosamente dentro dos parâmetros estabelecidos. Estará sempre preparado para os grandes desafios da profissão e descarregar adrenalina em boas doses de êxito.

Quem pretende ser um surfista de gravata vai precisar mais do que parafina no cabelo, vai ter que demonstrar concentração, inteligência e atitude, capacidade de se envolver e encontrar soluções sob pressão, acima do limite. Apesar de ter que conviver com elas, as marolas, o surfista de gravata tem que buscar as grandes ondas e de preferência permanecer por muito tempo na crista. Então, se não for possível ficar lá em cima, esteja preparado para as quedas.
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(*) Admir Borges é publicitário, formado pela Faculdade de Filosofia de Belo Horizonte e mestre em marketing pela UFSC. É professor universitário e pesquisador, além de consultor de Comunicação e Marketing. É autor do livro O Executivo de Contas Publicitárias: de contato a consultor de comunicação.

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