21 de janeiro de 2020

Criativo? Todos Somos



O simples fato de termos nomes de funções e departamentos pode funcionar como inibidor de iniciativas e impedir a colaboração. Vou explicar. Quando você associa uma determinada pessoa ao departamento de criação, imediatamente pressupõe que essa pessoa é capaz de gerar ideias – quem sabe até – brilhantes. Ao mesmo tempo, quando a gente associa uma pessoa à área de gestão e negócios, tendemos a supor que seja organizada, talvez até pouco afeta a riscos, e muito provavelmente nada criativa.
Estereótipo da Criatividade
Pensamos em criatividade de maneira estereotipada e equivocada em diferentes níveis. Confundindo-a com arte, por exemplo. Se não sei dançar ballet, tocar jazz, pintar um quadro, então não sou criativo. Ou confundindo criatividade com inovação, a grande palavra do momento. Se não sou da área tecnológica ou científica, áreas essas associadas rapidamente à inovação, então não tenho potencial criativo.

Todos esses pré-conceitos, somados a medos vários e a uma série de pequenos hábitos de autocensura, formam o ambiente propício para o chamdo “ideiacídio”.
O que é ideiacídio
Ideiacídio é um termo cunhado pelo estrategista e escritor Matthew May, referindo-se à capacidade de matarmos nossa própria ideia.

Cometemos ideiacídio quando deixamos de expressar nossas ideias.

Matamos nossas ideias antes mesmo de expressá-las por diversos fatores. Por medo de errar, de sermos julgados, de falarmos besteira, de não sermos inteligentes o suficiente. Ou porque achamos que precisamos aperfeiçoá-la antes de apresentá-la – e acabamos nunca fazendo isso.

Tudo isso é cunhado por nossas experiências passadas, tanto pelo ambiente onde crescemos, como pelas dificuldades que passamos na vida. Nisso se inclui também o que é construído durante anos e anos em ambientes de trabalho em que o discurso de “valorização das pessoas” não corresponde à prática diária de favorecimentos, hierarquias e departamentalização da própria criatividade.

No final das contas, o que vemos é o encastelamento das pessoas ditas “criativas”, essas sim as únicas a ter a “capacidade” de expressar boas ideias. Até culminar em nós mesmos desprezando, mesmo que sem perceber, as nossas contribuições aos processos criativos como se fôssemos seres não dotados dessa capacidade.

Como escapar das armadilhas que nos impedem de expressar nossas ideias
Deixar de expressar nossas ideias tem algumas consequências importantes, tanto para nós como para quem nos cerca. As empresas pagam um preço alto por impedirem a expressão de ideias e nós, alinhados a essa pseudo-verdade sobre nossa (falta de) capacidade, deixamos de contribuir com um sem-número de possibilidades para tornar produtos, serviços e relações melhores.

Talvez esteja mais que na hora de pensarmos de uma forma diferente para reverter esse jogo. Pode ser que você não possa mudar a cultura da empresa em que trabalha da noite para o dia, mas pode valer a pena enxergar o problema sob uma nova perspectiva e fazer a sua parte.

Uma dica é, quando perceber que há algo te impedindo de expressar suas ideias, mudar o foco. Em vez de pensar no que deu errado no passado ou de tentar controlar a situação para evitar um futuro desastroso, foque de forma positiva no resultado que esse trabalho terá para os outros. Em vez de pensar em você, pense na sua audiência. Quem vai se beneficiar desse trabalho? O que ele vai melhorar na vida do outro?

Em resumo, tente passar a focar no caminho a ser seguido em vez dos muros a ultrapassar.
Compartilhar nossas ideias é um ato de generosidade 
Afinal de contas, é mais importante se proteger de um julgamento ou contribuir para acrescentar algo à vida de alguém ou à sua?

Além da audiência, pense também nos seus pares. Imagine o quanto a gente perde ao não expressar uma ideia por achá-la pobre ou incompleta. Deixamos de compartilhar a base do que poderá ser desenvolvido colaborativamente com o grupo. Uma experiência que tem tudo para fortalecer as relações e chegar ao resultado de forma mais efetiva.

Então, qual a ideia que você vai compartilhar hoje?

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Esse artigo foi inspirado no conteúdo do curso “Banish Your Inner Critic to Unleash Creativity”, ministrado por Denise Jacobs, disponível no Linkedin.

 

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