Hoje tomar um café com um amigo virou um desafio. Ou, na
linguagem publicitária, virou “job”. O que era pra ser bom, simples e fácil
virou mais um item no “follow-up”.
Parece que está cada vez mais difícil sair de uma espiral
que nos suga, de uma roda-viva que enche nossos dias de inúmeras tarefas que
visam atender as necessidades de nossos clientes, chefes, professores. E nós?
Procrastinamos quando queremos fazer nossas próprias coisas. Como, por exemplo,
tomar um café com um amigo.
Por que isso acontece? O que podemos fazer para reverter
isso?
Em dezembro passado assisiti uma palestra da Chief Grouth
Officer da Scopen Graziela Di Giorgi. O tema “O que é longo prazo num mundo em
mudança frequente” foi apresentado no último Summit do GA&N (Grupo deAtendimento e Negócios). O conteúdo
continha provocações e possíveis caminhos para nos organizarmos nesse mundo
VUCA (sigla em inglês que em português significa volátil, incerto, complexo,
ambíguo).
Aqui vou ressaltar alguns pontos abordados pela Graziela:
Expectativa x Realidade
Nossa percepção de tempo oscila entre passado e futuro. E o
fato de raramentepercebermos o tempo presente contribui para que criemos mais e
mais expectativas. E, com as expectativas, vêm de bandeja as frustrações. Se
algo não sai exatamente como previmos não conseguimos enxergar o que podemos
aproveitar no agora, no momento presente, ocupados em remoer o que não deu
certo.
A solução seria buscar algum auto-controle que nos propicie
ter um distanciamento dos problemas, ver as coisas em perspectiva. Por exemplo,
não querer ter respostas automáticas para as perguntas que nos fazem, ouvir com
atenção plena em vez de nos preocuparmos em fechar o assunto com alguma solução
sem nem mesmo ter dado tempo de entender totalmente do que se trata.
Pendência x Tendência
Graziela nos mostrou que nos organizamos entre pendências e
tendências. As pendências são as coisas que devemos fazer já, no curto prazo. E
as tendências, o que pode ser feito depois, sabe-se lá quando (longo prazo).
Nesse duelo entre curto e longo prazo, acabamos por privilegiar a realização
das tarefas de curto prazo porque buscamos a gratificação imediata. É uma
reação humana, chamada exatamente de “viés de curto prazo”, da qual nem sempre
nos damos conta.
Portanto, aquilo que não tinha um prazo definido (“vamos
tomar um café qualquer dia desses”), acaba tendendo ao tempo infinito. E as
chances de que não aconteça são grandes.
Uma boa dica nesse caso é estabelecer um prazo, mesmo que
você precise inventar esse deadline. Quando temos um horizonte de tempo,
tendemos a nos mobilizar para fazer acontecer.
Metas Difíceis x Desafio Proporcional à Habilidade
Nossa lista de tarefas pode ser tão assustadora que
desmotiva. Procrastinação à vista… Sim, tudo da sua lista pode ser importante,
mas uma boa opção é priorizar as tarefas do “to do list” de acordo com a
relevância e o grau de simplicidade do que precisa ser feito. Metas
importantes, porém mais simples de ser atingidas são realizadas mais facilmente
e essa sensação de produtividade gera a motivação para seguir em frente até
chegarmos às metas mais difíceis e de longo prazo.
E aquele café, sai ou não sai em 2020?
Já chegamos à primeira quinzena do novo ano. Tudo continua
parecendo veloz, eu sei.
Mas aquele encontro com alguns dos meus amigos já aconteceu.
Não deu pra encontrá-los pessoalmente? Então deletei da minha cabeça a
frustração com o que poderia ter sido, esqueci a cafeteria e me conectei online
com eles pra bater papo. Foco no presente, e no possível.
E vamos em frente, quem sabe agora conseguindo realmente
criar um prazo para fazer planos viáveis como esse de tomar um “café” com
alguém que a gente gosta.
Feliz Ano Novo para você!
Nenhum comentário:
Postar um comentário