Muito interessante acompanhar como o negócio da informação vem se modificando rapidamente nos últimos anos. Enquanto os grandes jornais (os chamados quality papers)lutam para manter a circulação, os jornais populares vêm crescendo e os jornais gratuitos começam a aparecer aqui no Brasil e a buscar seu espaço.
Assistindo na semana passada à palestra do jornalista e sócio da H/G/W/T Marketing Editorial Sergio Rego Monteiro, a gente pôde entender melhor o cenário que favorece o mercado dos populares e gratuitos no Brasil e as tendências para o meio jornal.
Em alguns tópicos, o cenário que favorece a expansão destes jornais é o seguinte:
- O mundo em rapidíssima transformação nos trouxe “novas necessidades”. Além do telefone fixo, agora "precisamos" do celular. Além da TV aberta, "precisamos" assistir à programação da TV por assinatura. Etc. etc. Os salários, entretanto, não aumentaram na proporção destas novas necessidades. Se o dinheiro é o mesmo, de alguma coisa teremos que abrir mão. Nesta escolha, a compra do jornal diariamente ou a assinatura foi, certamente, uma das sacrificadas. Afinal, muita gente hoje pode ler pela Internet.
- Há falta de tempo, a vida está cada vez mais corrida. Por isso, o negócio da informação vem buscando leitores nos “intervalos de tempo”. E nesse ponto os jornais populares e os gratuitos estão dando um banho: podem ser lidos em 20 a 30 minutos, no deslocamento entre a casa e o trabalho. Não à toa estes jornais têm sua distribuição ou venda próximo aos transportes coletivos (trens, metrô, barcas).
- As pessoas estão lendo mais, mas em pequenas porções. Os grandes jornais estão "gordos", têm muitas páginas e reportagens extensas, o formato não é confortável para ler em deslocamento. Os jornais gratuitos e os populares têm formato tablóide e as matérias são curtas.
- Para complicar a vida dos grandes jornais, o custo dos espaços publicitários fica cada vez maior e eles perdem receita. Pequenos anunciantes, anunciantes locais que não sejam Varejo ou Imobiliária (pois estes têm bons descontos) não têm condições de anunciar constantemente em grandes jornais.
Ferramentas de Marketing
E como os jornais gratuitos se posicionam? O que é este novo produto? Sergio Rego Monteiro deixou bem claro que devemos entendê-los como ferramentas de marketing e não como produto jornalístico. Com informações concisas -- cuja fonte é quase exclusivamente de agências de notícias -- e desenho atraente, ele não é um jornal de "opinião" e nem deve ser percebido como "tendencioso". Estes jornais são prestadores de serviços ao cidadão comum. Por isso, tendem à regionalização e a ter enfoque meramente local.
Daqui Pra Frente
Segundo S. R. Monteiro, a "indústria jornal" precisará se redefinir. Ele aponta como tendência o desaparecimento da versão impressa dos grandes jornais durante a semana. O jornal será comprado apenas nos finais de semana, quando o leitor tem mais tempo e poderá se aprofundar. Os jornalistas não perderão seus empregos. Afinal, a notícia não cai do céu, portanto a organização jornalística existirá como uma "usina de informação". O segmento dos jornais populares crescerá mais e, principalmente no segmento gratuito, o marketing vai mandar e não o jornalismo.
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