No dia 24 de setembro aconteceu em Nova Iorque a terceira edição da Account Management Conference, promovida pela American Association of Advertising Agencies (4A’s). Note bem: somente há três anos existe uma conferência para falar sobre Gestão de Contas promovida por uma respeitada entidade americana que existe desde 1917. Surpreso? Pois não fique. O que isso quer exatamente nos dizer? Que nos últimos tempos a função de Atendimento vem tomando tamanha importância e se redefinindo de uma tal forma que não é mais possível deixar de discutir seu papel relevante nas agências de forma específica. Longe de pensar que isso está acontecendo somente num país desenvolvido como os EUA, o momento de refletir sobre a função de Atendimento para colocá-la em seu devido lugar de importância dentro das agências é um movimento que tem reflexos também no Brasil, como temos discutido aqui no FAP. Por isso, achei intressante trazer para você esse resumo das reflexões de dois palestrantes do congresso.
No discurso inaugural da conferência, proferido pela CEO da 4A’s Nancy Hill (foto), ela observou que diversos fatores contribuiram para que a gestão de contas como função precisasse repensar e redefinir seu papel. A introdução nos EUA da função específica de planejamento de conta, na década de 80, foi um desses fatores. “Foi só quando trabalhei na TBWA que percebi o papel indispensável que um excelente planejador de conta – e que um bem-dirigido departamento de planejamento – podem desempenhar no processo de criação da boa propaganda. E foi também quando percebi a diferença entre os papéis do planejador e do gestor de conta, e em vez de brigar com os planejadores sobre quem merece ou não o crédito pela “grande idéia”, meu papel como executiva de contas foi entender como juntar todas as peças para fazer boa propaganda, desde o insight até a criação, até a midia e até a analise”, comentou Nancy.
Outro fator que impactou a função de gerente de contas, segundo Nancy, foi a crescente adoção da tecnologia, tanto no ambiente de trabalho como na vida dos consumidores. E, infelizmente, aponta Nancy, “o que aconteceu com alguns executivos de conta é que eles não se atualizaram em termos tecnológicos e agora foram deixados para trás.”
Como último fator de impacto, Nancy apontou a mudança na própria força de trabalho que exerce a gerência de contas, que hoje não é mais formada só de homens e só de brancos, como se via lá na década de 60 (representada na excelente série de TV Mad Men, que mostra o cotidiano de uma agência na Nova Iorque daquela época).
Nancy Hill definiu a nossa função dizendo que “ gerência de contas, em muitos casos, tem mais a ver com o trabalho que um produtor executivo desempenha num filme de grande orçamento em Hollywood do que com o de mediador entre a agência e seus clientes. Isso porque gerentes de conta têm sempre estado no centro de tudo o que se passa entre suas agências e seus clientes e porque outras disciplinas cresceram em proeminência e importância nas últimas décadas (vide mídia e digital). "
Outro palestrante do dia foi Carl Johnson (foto), co-fundador da agência Anomaly, que disse com todas as letras que ser Atendimento hoje é a melhor função dentro do nosso negócio. Segundo ele, pela própria natureza da atividade, o gestor de contas tem acesso a tantas tarefas diferentes e tantas coisas imprevisíveis podem acontecer que isso torna tudo mais excitante e dinâmico, tanto que se ele tivesse começado hoje, era isso o que queria fazer. Entretanto, apontou: “ você tem que amar ser gestor de contas para exercer bem a função, pois é doloroso, difícil, você leva muita porrada e trabalha muito. Se você exercer mal a função, será o pior trabalho do mundo. Mas a chave é focar no que funcionará para o negócio do cliente e não no que o faz feliz. E mais: assuma a responsabilidade por qualquer coisa que venha a acontecer. O princípio fundamental é: tudo tem a ver com você – seja bom ou ruim.”
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