1 de setembro de 2008

Falando Sobre Atendimento no Fest' Up

Nos dias 30 e 31/8 aconteceu a 20ª. edição do Festival Universitário de Propaganda (Fest'Up), promovido pela APP. O evento aconteceu na FAAP/SP e foi um sucesso. Cerca de 1.200 universitários, oriundos de mais de 70 faculdades, estiveram presentes.

A programação contou com diversas palestras de nomes expressivos de grandes agências brasileiras, além de veículos e anunciantes. E ainda contou com uma plenária do setor estudantil da APP conduzida por professores universitários, onde se discutiu o ensino da publicidade em nosso país - conseqüência das discussões ocorridas no IV Congresso (comentado aqui).

Vários Atendimentos fizeram palestras sobre a nossa atividade: Luiz Buono (Fábrica), Mauro Sato (McCann), Adrian Ferguson e Luiz Fernando Amaro (Fischer), Fernando Musa (Ogilvy) e Marcio Santoro (África).

Atendimento = Integrador
Falando mais sobre essas palestras, destacamos a de Marcio Santoro, que enxerga o perfil do profissional de Atendimento como “integrador” e não 'entregador” (tema que vem sendo discutido no blog – leia aqui e aqui).

E já que estamos falando do Marcio Santoro, termino esse post com a reprodução de um artigo de sua autoria, escrito na época das eleições para o Prêmio Caboré 2006, do qual foi vencedor na categoria Melhor Profissional de Atendimento.

"Márcio.
Eu não gosto deste nome. A culpa é do médico da minha mãe. Pode parecer estranho, mas foi ele quem me deu esse nome. A história é simples: 30 de agosto de 1970, em alguma maternidade no centro de São Paulo, o pau corria solto. Meu pai querendo me dar o nome de Armando e minha mãe de Rodrigo (fico imaginando como ia me ferrar se me chamasse Rodrigo Santoro...). De um lado toda a família Santoro e do outro a Miritello, tudo italiano casca grossa brigando para valer. A uma determinada altura a pancadaria atingiu um nível que o doutor teve que entrar. Em um ato impensado deu um palpite ...aí veio Márcio!!!

Todo mundo fez cara de árvore e minha mãe, com falta de juízo, aceitou a sugestão. Ela olhou para mim e disse: “- Você vai se chamar Márcio”. Foi a primeira e última vez em que ela me chamou assim. Meu apelido foi dado no dia seguinte e virei Meco. O Márcio sumiu.

Passados 17 anos, trabalhando sem ganhar um centavo furado na DPZ (estágio não remunerado), me deparei com um sujeito gente-fina mas com cara de bravo (Daniel Barbará), que me disse: “- Márcio, (caramba...era eu!) pegue essas fitas e um avião e entregue uma cópia na Manchete e outra na Globo lá no Rio. Se não chegar no horário, eu arranco seu saco!”

Pronto! Márcio, ele voltou. O nome tava na roda em caráter irrevogável. Nesses tempos de DPZ, eu comecei a flertar com um departamento chamado “atendimento”. Eu gostava daquele negócio agitado, botando todo mundo na agência para trabalhar, o contato com clientes, a coisa de vender idéias etc. Mas o nome do departamento...Atendimento, mas que m... Dava a idéia de uma coisa limitada.

Mas me apaixonei e fui com tudo. Saí da DPZ, fui estudar fora, voltei e comecei a atender a Lever na Lintas e lá fiquei por oito anos. Depois de mais sete anos na DM9DDB, fui convidado pelo Nizan para abrir a Africa, uma agência modelo de atendimento mais exclusivo, com poucos clientes. Durante esses últimos anos tenho tentado, até pela nossa forma diferenciada de se envolver com o cliente, criar um profissional de atendimento moderno, com visão de negócios.

Um cara que sai a campo toda semana, que tem as vendas na ponta da língua, que corta produtos do portifólio do cliente, que cria serviços, que diz “não” ao cliente com embasamento, que planeja, que dá o “key insight” para a criação, que discute pesquisa, que estimula a mídia a ser criativa, que integra o offline com o online.

Isso está em linha com a matéria de capa do Advertising Age de algumas semanas atrás, que alerta para o fim do profissional de atendimento antigo. A matéria é clara – morreu um perfil de profissional, e não a atividade. A mesma matéria diz que a Amalgamated aboliu o atendimento no começo de suas atividades em 2003 e foi um verdadeiro caos.

Atendimento, assim como Márcio, são nomes de que eu não gosto, mas estão aí. Esse negócio de acabar com o atendimento, tema em discussão hoje em dia, é uma piada ou simplesmente uma forma de ter assunto. Honestamente, eu me sinto desrespeitado com isso. Assim como toda a nossa categoria deveria se sentir.

Pior ainda é diluir as atribuições do atendimento aos outros departamentos. Dar a função de atendimento para planejamento ou criação é acabar com essas áreas, que vão ter que parar de planejar e criar para atender.

A Crispin, Porter & Bogusky de Miami, uma das agências mais modernas e criativas do momento, tem atendimento e dos bons. Pergunte ao Jeff Steinhour, sócio e diretor de atendimento da Crispin.

Reinventar-se é hoje uma atribuição não só do atendimento, mas sim de toda a atividade da propaganda. Eu pensei em mudar o meu nome há alguns anos, mas achei melhor me concentrar e tentar ser um atendimento. Eu pensei em mudar o nome do meu departamento há alguns anos, mas achei melhor me concentrar em reinventá-lo. Extingui-lo seria muito mais fácil."

3 comentários:

sorryaboutmyface disse...

Excelente lembrar esse texto.

A CP+B é uma agência incrível, um modelo de empresa de comunicação com um discurso muito profissional e apaixonado

um modelo de atendimento e de criação (os trabalhos mais modernos e criativos hoje em dia são deles) e o nosso ex Dezpropaganda Beto Baibich está lá agora.

Deboríssima disse...

Incrível esse texto!

Atendibelli disse...

Textos que fortalecem nossa paixão pela área...aiai